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A moradia, cheia de requinte pousada em seu jardim secular, atravessa o tempo e se perpetua diante da sombra de um enorme jambeiro que um dia mesmo sem existir, permanecerá quem sabe, para sempre, em nossas memórias.

Herança de gente que veio de longe, trazendo em sua bagagem a ousadia de morar e viver bem. Deixa inegavelmente neste exemplar quase que esquecido por detrás das árvores, o “SOLAR DO JAMBEIRO”.

Nem os muros de pedra, nem as grades de ferro, foram capazes de separá-lo do outro lado que tanto o ameaçava e que de tanto tentar, curvou-se diante de tamanha singularidade e beleza.

Não foi, porém, pelas mãos de homens comuns, que o reconheceram e buscaram nos seus porões, em suas escadarias, nos seus azulejos e adornos, que se encontrou a sua real importância. E cuidando com amor de cada canto, fazendo assim, ressuscitá-lo quase como ainda era criança.

Mas sabemos que nunca será o mesmo. Perderam-se muitas partes pelos tempos. Outras permaneceram, mas de maneira assim como outros quiseram. E nós, assim, o perpetuaremos. Vale lembrar Carl Jung1:

Temos que descobrir uma construção e explicá-la: seu andar superior foi construído no século XIX, o térreo data do século XVI e o exame mais minucioso da construção mostra que ela foi feita sobre uma torre do século II. No porão, descobriram fundações romanas e, debaixo do porão, acha-se uma caverna em cujo solo se descobrem ferramentas de sílex, na camada superior, e restos da fauna glaciária nas camadas mais profundas. Tal seria mais ou menos a estrutura de nossa alma.

Pois é assim que sobreviveremos, deixando para as próximas gerações os esforços de preceitos e paradigmas para nos manter intactos através dos tempos. Manter nossas memórias e a nossa alma, preservando-as das adversidades do tempo.

No “SOLAR DO JAMBEIRO” nos encontramos com um passado restaurado e revitalizado, através das diversidades de técnicas empregadas, onde a iniciativa pública e a iniciativa privada se ordenam e se incumbem de manter da melhor maneira possível o inconsciente da cultura coletiva transformando-o em PATRIMÔNIO.

JOÃO LATINI