O Colégio Betânia foi fundado em 2 de maio de 1952, na cidade de Niterói, RJ. É um marco do pioneirismo em educação no país. Sua proposta inovadora determinou, nos anos 1950, uma ruptura com o ensino tradicional onde, a disciplina rígida, o “decorar lições”, o “não se manifestar” das crianças e a uniformidade eram sinônimos de boa educação.

Baseando-se nos ensinamentos de missionárias metodistas norte-americanas e na condição de aluna da Profª Heloísa Marinho, criadora do método natural de aprendizado, Maria Ester Vizella Latini lançou, com o Colégio, uma proposta filosófica educacional pessoal, espontânea e rica para o desenvolvimento infantil, preparando as crianças de forma completa e consistente na fase que culminava com a alfabetização.

Tendo como fundamento que as pessoas – e em especial as crianças – necessitam de amor, afeto e atenção, Maria Ester e o Colégio Betânia moldaram uma estrutura afetiva, dinâmica e criativa, na qual as artes, as ciências e a avaliação permanente dos conceitos de ética de nossa sociedade se tornaram os alicerces vivos desta nova visão sobre como educar.

Uma idéia que deu certo e que permanece viva naqueles que ali trabalharam e que ali estudaram, de que é preciso estar consciente da responsabilidade, da tarefa árdua e de resultados comprovados, que é educar com liberdade.

Maria Ester levou para seu renomado educandário propostas inusitadas de palestras e discussões (workshops) de temas com abordagens não somente educacionais, mas também que buscassem enriquecer a convivência entre a escola e a família.

No Colégio Betânia a educação era vista e revista como um todo e não somente como uma tarefa específica de ensinar.

Eram convidados palestrantes como jornalistas, psicólogos, economistas, arquitetos, artistas plásticos, permanentemente solicitados para contribuir e agregar uma educação global que iam além dos muros desta instituição vanguardista.

Se expressar livremente e democraticamente eram receitas fundamentais para o crescimento e para o desenvolvimento educacional.

Aulas de arte com Ivan Serpa para pais e alunos, visitas de Albert Sabin e de muitos outros fortaleciam a criatividade, o conteúdo e a liberdade de expressão, mesmos nos anos mais difíceis de ditadura militar em nosso país.

No Betânia, como era chamado, podia se respirar e se sentir amparado. Ali, sim, existia um terreno fértil, onde educar e se desenvolver andavam sempre de mãos dadas com a informação, a criatividade, o conteúdo e, fundamentalmente, com a afetividade e o amor representado sempre na presença incansável de Maria Ester.

Hoje o Betânia não mais existe, após 53 anos de proposta educacional, onde sem preconceitos reunia crianças com dificuldades, como Síndrome de Down com crianças com dificuldades de aprendizado e crianças comuns ou superdotadas. Fica na memória de todos que conheceram Maria Ester e sua proposta educacional, o sonho de uma filosofia humanística de se conviver com valores insubstituíveis.