Nascido em 27 de janeiro de 1954, em Niterói, na época capital do Estado do Rio de Janeiro, o arquiteto e urbanista JOÃO CARLOS VIZELLA E LATINI, desde criança sempre esteve em contato com as Artes.
Mergulhado em uma diversidade de encontros e em uma multiplicidade de atividades, sua vida é marcada por uma trajetória artística, por uma atuação profissional com extremo potencial criativo e por uma clara síntese do pensamento contemporâneo.
Sua vivência não se fundamenta somente nas técnicas básicas do seu ofício, mas, principalmente, por uma experiência diferenciada de muitos profissionais de sua geração.
Familiarizado com as Artes, com a criação e com os mais refinados conceitos estéticos desde a sua infância, conviveu com artistas plásticos, cineastas, atores, fotógrafos, músicos, educadores, políticos e intelectuais de diversas áreas, que enriqueceram sua formação.
Sua constante busca por atualização sempre o levou a viagens ao exterior, onde se enriqueceu com as diferentes culturas.
Complementando essa vivência, buscou se aprimorar em cursos e atividades ligadas à criação artística, demonstrando o que, desde cedo, já estava preconizado: SER ARQUITETO.
Filho de uma reconhecida Educadora, Maria Ester Vizella Latini, e de um dos primeiros Arquitetos de Interiores do país, Clovis Latini, aprendeu desde cedo a olhar as coisas não somente como são, mas como podem vir a ser de uma maneira melhor, mais bela e inteligente. Essa visão lhe trouxe um extremo senso crítico e estético.
Vivendo em um ambiente familiar sem rígidas regras nem preconceitos, sua vida sempre foi uma convergência da educação em casa e nas escolas de vanguarda que freqüentou. Dentre elas, o Colégio Betânia, o Centro Educacional de Niterói e as Faculdades Integradas Bennett, no Rio de Janeiro, onde se formou em Arquitetura e Urbanismo e, posteriormente se pós-graduou Economia Política Urbana.
Sempre irrequieto e atento aos movimentos de arte e cultura, frequentava museus e galerias de arte, era presença assídua nas exposições do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro- MAM na década de 1970, onde vivenciava como aluno, naquele terreno fértil, os cursos ali ministrados por Mestres como Ivan Serpa, Frederico de Morais, Walmir Ayala, Aluisio Carvão, Ana Maria Geiger e Georgs Racz, dentre outros.
Na casa dos pais, também foram muitas as convivências enriquecedoras. Dentre elas, Luciano Carneiro,Juarez Machado, Samy Mattar, Sergio Rodrigues, Sergio Bernardes, Zanini Caldas, Nelson Pereira dos Santos, Darcílio Lima, Ziraldo, Millôr Fernandes e Ivan Serpa, além de muitos outros amigos, artistas e intelectuais cuja amizade cultivou e manteve ao longo da vida.
Mesmo quando ainda era bastante jovem, gravitava atentamente em torno de todos esses encontros e conversas importantes e valiosas que formaram o pano de fundo das experiências artísticas e culturais, encontros estes que ficaram profundamente registrados no jovem João Latini.
Desses encontros, nasceram muitos desdobramentos.
João Latini se aproximou da fotografia, do cinema e do teatro. Atuou em peças teatrais amadoras, trabalhou no set de filmagem de Tenda dos Milagres, em 1981, a convite do amigo e diretor Nelson Pereira dos Santos.
Apaixonou-se pela arte da Fotografia e esteve muito próximo de se tornar um profissional dessa Arte, tendo realizando diversos cursos e trabalhos com a Fotografia.
Desde os 17 anos, observando o pai trabalhar na prancheta, aproximou-se e começou a ganhar também experiência nesta área. Estudar Arquitetura e Urbanismo era um caminho inevitável. O seu caminho de vida.
A partir de então, os trabalhos foram se multiplicando, e João Latini passou a administrar mais de perto o escritório e os trabalhos do pai.
Nessa fase da vida, João acompanhava o desenvolvimento da OCA, um movimento de defesa da cultura brasileira na arquitetura e no design, principalmente com o uso da madeira, uma retomada das nossas raízes indígenas e naturais. A OCA, com cujos mentores João convivia em sua própria casa, é um marco no desenho industrial brasileiro, e trouxe uma efervescência cultural ímpar, que muito influenciou o trabalho de João Latini.
Ao se graduar, passou a aplicar seus conhecimentos no Escritório do Arquiteto Severiano Mario Porto no Rio de Janeiro, um grande contribuidor para a arquitetura brasileira,onde participou de diversos trabalhos, e onde teve a oportunidade de conhecer e adquirir valiosas experiências como a convivência no escritório do Engenheiro Acústico Roberto Thompson.
O jovem arquiteto tinha em suas veias o amor e o perfume da madeira, que desde cedo o encantava. Afinal, sempre conviveu com essa Arte, em suas idas e vindas com seu pai às marcenarias, vistoriando a execução dos trabalhos, onde durante horas observava a magia de uma simples peça de madeira se transformar em um objeto de utilidade.
Algum tempo depois, João Latini voltou a trabalhar mais intensamente junto a seu pai, profissional perfeccionista e reconhecido por seu extremo bom gosto, quando, em diversas ocasiões, fez parceria junto ao design de móveis e arquiteto Sérgio Rodrigues.
Os trabalhos do pai se intensificaram com Sergio e a amizade os levou para Brasília e São Paulo, onde criaram escritórios satélites nessas capitais, para realização de reformas de adaptação e interiores de casas de diretores do Banco Central do Lago sul e apartamentos funcionais em Brasília; e do Hotel Mofarrej Sheraton, em São Paulo.
João sempre acompanhava de perto os trabalhos da dupla e estava à frente do escritório do pai no Rio de Janeiro. Neste período, um dos sonhos ligados as suas raízes se concretizou, a criação da marcenaria SERRAJ.
A paixão pela Marcenaria tinha origens na história da sua família. Seu bisavô italiano, Amadio Latini, era marceneiro; e o seu avô imigrante, Alcide Latini, foi construtor e proprietário de uma grande marcenaria em Nova Friburgo, RJ, nos anos 1950. Alcide, quando se aposentou, possuía nos fundos de sua casa um pequeno espaço de um galpão, onde criava e executava peças para os netos e para os filhos, reciclando já naquele tempo restos e pedaços de madeira. Era fascinante: jogos de xadrez, abridores de garrafa, pião, pequenos bancos e cadeiras, bancadas de marceneiro, faca de manteiga e tantos outros objetos que, quando produzidos para os netos, eram feitos de forma ergonométrica e proporcional às suas pequenas estaturas. Verdadeiras miniaturas, recicladas e criadas. Com extrema perfeição, esmero e carinho.

Assim, decidiu e criou a marcenaria SERRAJ Indústria e Comércio de Móveis Ltda., tomou forma e se transformou em realidade. Com muitos trabalhos e clientes, já com certa independência atuava desde a concepção do projeto arquitetônico até a confecção de mobiliário, armários, esquadrias, portas, escadas, cozinhas, mesas, bancadas e tudo que uma arquitetura precisa.
A doença e a morte do pai interromperam esse intenso período ciclo de trabalhos. Após alguns anos, surgiram algumas dificuldades, como o aumento do custo de mão de obra no setor madeireiro, as questões de desmatamento e o consequente custo da matéria prima.
Na tentativa de solucionar essas dificuldades, procurou o Instituto DAM – Centro de Desenvolvimento das Aplicações da Madeira -, criado pelo amigo e arquiteto Zanini Caldas, onde participava de encontros e debates a respeito do tema.
A pequena indústria foi gradativamente se transformando e o foco de João Latini se direcionou, novamente, somente para seus projetos de arquitetura agora independentes.
Com uma enorme bagagem profissional, João Latini retomou suas preocupações com o crescimento desordenado e antiestético das cidades, e para conhecer melhor ainda essa realidade, decidiu realizar o Curso de Pós-Graduação em Economia Política Urbana, na mesma Universidade em que havia se graduado, objetivando se integrar em um processo mais ambicioso e talvez mais sonhador.
A impotência diante da degradação urbana e ambiental o deixava – e ainda o deixa – perplexo e angustiado. Convencido de que as cidades têm que se limitar e se adequar às condições humanas, dentro de proporções estéticas, acredita que elas devem ser, em si, instâncias educacionais para aqueles que nelas vivem, para que as pessoas nelas convivam de forma mais harmoniosa, independente dos interesses públicos, comerciais ou pessoais.
Com um novo entendimento teórico, João Latini buscou atuar junto ao poder público, sempre com essa visão humana sobre as cidades.
Durante um período prestou serviços à Empresa Estadual de Obras Públicas (EMOP) no Rio de Janeiro, na conservação e manutenção de Escolas Públicas (1989-1991) durante o Governo Moreira Franco e, logo em seguida, passou a fazer parte da Equipe de Projetos Especiais da Prefeitura Municipal de Niterói (PMN) (1992-1993), no primeiro governo de Jorge Roberto da Silveira.
Com uma formação eclética, João Latini consegue manter uma unidade em tudo aquilo que cria e executa sempre coerente com sua filosofia de trabalho, sem trair seus princípios e, sobretudo, consistente na defesa de suas propostas e idéias. Ele é capaz de transitar tanto pela arquitetura de interiores, quanto em empreendimentos de grande porte, pequenos detalhes na criação de design e na Arte em geral. Esse conhecimento lhe permitiu realizar curadorias de diversos eventos ligados à sua área.
Capaz de defender suas propostas com absoluta lucidez e coerência, respeitando, interpretando e propondo aos seus clientes aquilo que acredita ser o melhor, João Latini sempre foi fiel aos valores que construiu e amadureceu ao longo da sua trajetória profissional.
Muitas ideias deste arquiteto contemporâneo e de vanguarda ainda não vieram a público, mas, com certeza, estão amadurecendo e logo surgirão novas criações.
Outras ideias, João as divulgou em artigos, publicados em diversos jornais, ao longo da sua vida. Esses artigos refletem seu pensamento, sua visão de mundo humanista e sua paixão pelas Artes.